top of page

Chablis: Tudo sobre o Chardonnay da Borgonha

  • Foto do escritor: Aline Mendonça
    Aline Mendonça
  • 16 de mai.
  • 3 min de leitura

Quando falamos de Borgonha, a mente logo voa para vinhos icônicos, terroirs únicos e uma complexidade que encanta qualquer amante do vinho. Mas se formos um pouco mais ao norte da região, chegamos a um lugar onde o Chardonnay reina absoluto: Chablis.


Sim, ainda estamos na Borgonha, mas não na tradicional Côte d’Or. Chablis está localizada no departamento do Yonne, em uma posição geográfica mais fresca, quase como uma ilha de Chardonnay entre vinhos tintos. E é justamente isso que torna esta região tão especial e distinta dentro da própria Borgonha.


Uma “appellation” só de brancos


A AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) Chablis cobre cerca de 6.000 hectares de vinhedos, todos plantados com Chardonnay — e apenas Chardonnay. Um branco com identidade própria, diferente do que se encontra em outras partes da França e do mundo.


O que dá esse caráter tão marcante aos vinhos de Chablis? O terroir. Mais especificamente, seus solos argilo-calcários ricos em fósseis marinhos do período Kimmeridgiano.


É dele que vem a famosa mineralidade, o frescor vibrante e a tensão que sentimos em taça. Esse solo é uma verdadeira cápsula do tempo — imagine beber um vinho que carrega a memória de um antigo mar!


As 4 classificações de Chablis


Os vinhos de Chablis são divididos em quatro categorias, de acordo com a complexidade do terroir e a qualidade dos vinhedos:


  1. Petit Chablis: Geralmente provenientes de solos mais recentes e localizados nos platôs da região. São vinhos mais leves, diretos, com notas cítricas e muita acidez — perfeitos para o dia a dia.

  2. Chablis: A categoria mais ampla e clássica, oferecendo uma ótima expressão do terroir. Frescos, minerais, com notas de maçã verde, pedra molhada e um toque salino.

  3. Chablis Premier Cru: Vinhos de vinhedos com melhor exposição solar e solos mais antigos. Aqui, já começamos a perceber mais estrutura, profundidade e capacidade de guarda.

  4. Chablis Grand Cru: O topo da pirâmide. São apenas 7 climats oficialmente classificados como Grand Cru, todos localizados em uma única encosta voltada para sul/sudoeste, na margem direita do rio Serein.






O papel do rio Serein no Chablis


Falando nele, o rio Serein é uma figura central no mapa e no clima de Chablis. Ele corta a região de sul a norte e ajuda a moderar as temperaturas, o que é crucial em uma região tão fria. Esse clima mais fresco, aliado a uma maturação lenta e constante, permite ao Chardonnay desenvolver toda sua complexidade, sem perder o frescor.


As melhores inclinações — onde estão os Premier e Grand Crus — ficam justamente ao longo desse rio, com exposições solares ideais, sobretudo para o sul e sudeste.



Entendendo os crus de Chablis


Na margem direita, de exposição sul/sudoeste, estão concentradas as parcelas mais prestigiadas da região:


🌟 Chablis Grand Cru:

  • Les Clos

  • Valmur

  • Vaudésir

  • Blanchot

  • Grenouilles

  • Les Preuses

  • Bougros


🍇 Chablis Premier Cru notáveis da margem direita:

  • Montée de Tonnerre

  • Fourchaume

  • Mont de Milieu


Esses crus recebem mais sol, o que resulta em vinhos mais ricos, estruturados e muitas vezes com maior potencial de envelhecimento.


Já na margem esquerda, com exposições de nordeste a sudeste, os vinhos costumam ter uma pegada mais fresca e elegante.


🍋 Chablis Premier Cru da margem esquerda:

  • Montmains

  • Vau de Vey

  • Beauroy

  • Côte de Léchet

  • Vaillons


Apesar de toda sua nobreza, os Grand Cru de Chablis costumam ser mais acessíveis do que os da Côte de Beaune, justamente por sua maior disponibilidade e menor hype internacional. Uma excelente oportunidade para quem quer explorar vinhos de altíssima qualidade com melhor relação custo-benefício.





E você? Já se rendeu ao charme mineral de um Chablis?


Se ainda não, fica aqui o convite. Degustar um bom Chablis é como fazer uma viagem sensorial ao fundo de um mar extinto. É sentir a pureza do Chardonnay em sua forma mais direta, crua e elegante. Um vinho que encanta tanto os iniciantes quanto os enófilos mais experientes.


À très bietôt!





Formada em Degustação pelo Terroir, na Universidade de Dijon. Há 11 anos assessorando brasileiros na Borgonha. Especialista em vinhos da Borgonha e visitas na região.

Comments


bottom of page